Manaus - Os corpos de dois homens, embalados em plástico filme, foram encontrados, no início da madrugada desta quarta-feira (24), na rua 9 do bairro Alvorada 1, zona centro-oeste de Manaus. Uma das vítimas, Paulo Ricardo Barbosa Benchimol, de idade ainda desconhecida da polícia, estava algemada e embalada com o corpo dele havia uma carta, feita num pedaço de papelão que avisava que o crime estava relacionado ao duplo assassinato do pastor presbítero, da igreja Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, Rischarles Nascimento Santana, 31, e do ex-presidiário Manoel dos Santos Gomes, 26, ocorrido no último sábado, dia 20, no bairro do Puraquequara, zona leste.
De acordo com familiares das vítimas que estiveram no local do crime, Paulo Ricardo e Jair Jason Pereira dos Santos, 23, desapareceram no início da noite de terça, quando foram raptados por homens não identificados, da sede do clube da Associação de Funcionários da Suframa (Asframa), no bairro Distrito Industrial, zona sul, onde jogavam futebol com amigos. A família de Jair diz que recebeu um telefonema de amigos do rapaz, alertando do fato, e denunciou à polícia.
Por volta de 1h30, moradores da rua 9, do Alvorada, foram surpreendidos com o despejo dos corpos no local, quase no meio da via. Assustados com o que viram, os moradores começaram a chamar os vizinhos e acionaram a polícia. Em poucos instantes, viaturas da Polícia Militar chegaram ao local, que já era tomado por uma pequena multidão de curiosos.
O tenente da PM Daniel Melo, que comandou as equipes policiais no local, leu a carta que estava embalada junto ao corpo de Paulo Ricardo. De acordo com ele, os criminosos deixaram uma espécie de aviso, na carta, afirmando que o duplo homicídio tinha relação com as mortes do pastor e do ex-presidiário, que o crime não tinha relação com o tráfico de drogas, falava de Justiça e de Jesus, como se fosse uma espécie de recado, uma lição à aqueles que cometem atos fora da lei.
Peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil e policiais da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) estiveram no local, onde os corpos foram despejados. Quando os técnicos retiraram o plástico dos dois, foi possível perceber que o corpo de Paulo Ricardo estava algemado. Um dos peritos afirmou que os dois podem ter sido assassinado por asfixia, pois havia sangue no nariz deles, um sinal da morte por asfixia. Provavelmente os criminosos usaram o próprio plástico para asfixiar os dois rapazes.
Mortes em emboscada
O ex-presidiário Manoel Gomes dos Santos, foi executado na Estrada do Puraquequara, bairro do mesmo nome, na zona leste de Manaus, com 35 tiros. O crime ocorreu no sábado, dia 20, por volta de 15h30. Na emboscada, o pastor Rischarles Nascimento Santana, foi alvejado com cinco tiros, e morreu logo depois, no Hospital João Lúcio, na zona leste mesmo, para onde foi levado ainda com vida. Os dois estavam em um veículo modelo Corsa Classic, de cor bege e placas JXP-0146.
Conforme testemunhas, o pastor fazia fretes e havia sido contratado por Manoel para levá-lo até a Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), onde visitaria uma amigo detento, identificado apenas como ‘Bi Leno’. Quando retornavam da unidade, segundo a polícia, foram surpreendidos por dois motoqueiros, que cercaram o veículo e seus ‘garupas’ fizeram os disparos contra as vítimas. A polícia acredita que o ex-presidiário era o principal alvo dos motoqueiros e que o pastor morreu ‘de graça’. No veículo ainda estavam, a esposa e a sogra do pastor, que não foram feridas.
Carta embalada com corpos em Manaus é para governantes
Antes de mencionar Deus, os autores pedem "calma" aos traficantes e pedem menos crimes. Logo em seguida, em um excesso de patriotismo, há declarações de amor ao estado.
A carta encontrada com os corpos de Jair Jarson Pereira dos Santos, 23, e Paulo Ricardo Barbosa Bechimol, 25, na Rua 9, Alvorada I, zona centro-oeste de Manaus, além de falar de Deus, é dirigida aos governantes. Escrita a mão em um pedaço de papelão, a carta diz que as vitimas são os executores do pastor Rischarles Nascimento Santana, no último sábado, na estrada do Puraquequara.
Antes de mencionar Deus, os autores pedem "calma" aos traficantes e pedem menos crimes. Logo em seguida, em um "excesso de patriotismo", há declarações de amor ao estado.
Governantes e policiais também foram citados. Ao governo, o autor pediu auxílio a famílias de dependentes químicos de classe média baixa para que o "futuro do estado seja de felicidade e paz". Quanto aos policiais, há uma declaração de respeito aos mesmos e ao trabalho da polícia local, além de um pedido para que estes não agridam mais os homens.
Confira a íntegra da carta:
"Autoridades competentes, aqui estão uns dos envolvidos na morte do pastor que morreu na estrada do Puraquequara. Esses são o Paulinho e o Pimpolho, eles que executaram o pastor e o outro.
Queremos também comunicar que os traficantes de Manaus parem de fazer homicídios sem motivos porque existem muitas situações que dá pra serem resolvidas no diálogo sem precisar matar ninguém, pois não existe homem maior que outro.
Queremos também deixar claro que admiramos o trabalho dos bons policiais do nosso estado que agem pelo certo, sem abusar da lei que nossos governantes criaram, pois queremos que os policiais parem de bater na cara de homem e agir nos padrões da lei como ótimos profissionais. Porque foi isso que eles escolheram para suas vidas.
Queremos também deixar uma ideia de traficantes para as autoridades, governantes do nosso estado maravilhoso. Nossa ideia é: criar casas de reabilitação para dependentes químicos já inclusos com cursos profissionalizantes, uma em cada bairro para que possamos recuperar e restaurar nossos jovens amazonenses que são nosso futuro de uma sociedade que tanto anseiamos cheia de felicidades e paz.
Essa nossa ideia é porque existem famílias que não tem condições para investir em seu filho por isso que o índice de criminalidade é mais elevado em pessoas de classe baixa, por isso que temos que dar uma assistência a essas famílias.
Queremos um estado melhor para que os nossos filhos possam crescer com a certeza de que serão a diferença na sociedade a qual respeitamos porque fazemos parte dela.
Agradecemos à oportunidade e fiquem todos com Deus e o Senhor Jesus Cristo.
Amém e Gloria a Deus.
Ass: todos os 33 de Manaus"
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